O Herói

Heróis são aquele capazes de atos altruístas. Não são os que têm super-poderes, já que sabem que nada os atingirá. Os verdadeiros são os que sacrificam seu tempo, dinheiro e saúde em favor de outros, sem esperar nada.

Conheci um herói de carnde e osso. Ele não voava, não tinha super força ou visão de calor. Os únicos super-poderes que tinha eram: a determinação, a compaixão, a força de vontade, o amor e o caráter. Coisas que todos nós, se quisermos, podemos ter.
Ele me contou suas aventuras de tempos passados. Me relatou como sofreu lutando contra o racismo, de sua origem lusitana, quando queria casar-se cim a que sia família denominava de negrinha. Mas não desistiu, casou-se e, por isso, foi deserdado pelo pai que praticamente o esqueceu.

Lutou, como poucos fariam, para sustentar a recém formada família. Foi mecânico de automóveis e de maquinaria pesada, vendedor entre muitos outros empregos. Até que ingressou na Polícia Militar como soldado. Sendo inteligente, foi aprovado no concurso para sargento enfermeiro com louvor. E nesse quadro seguiu sua carreira com muita honra e carinho até capitão. Trabalhava em até três hospitais diariamente, ajudando iguamente o soldado baixo como o oficial superior. Assim conquistou muitos amigos e admiradores e sua fama de herói foi mais e mais confirmada.

Teve dois filhos homens, que apesar de sua dorma rude de ser, criou com todo amor. Os garotos cresceram, casaram-se e tiveram seus prõprios filhos, um casal de cada. Netos amados que amoleceram mais coração deste, agora idoso, herói.
Já com muitos anos de idade e com a saúde debilitada, por haver descuidado de si enquanto cuidava de outros, continuava com seus pequenos grandes atos. Ajudava a muitas pessoas, muitos que a própria família não tinha conhecimento. Dezenas de pessoas dependiam daquele velho herói.

Ele exercia o lugar de patriarca que tinha. Graças a ele toda a família, que se encontrava sempre geograficamente afastada, ainda se unia por completo todos os anos. Todos viam nele um grande exemplo de luta contra as doenças, exemplo de caráter.
Essa terça-feira o herói não resistiu mais às inúmeros complicações que o seguiam no passar dos últimos 21 anos. Uma grande comoção ocorreu entre os conhecidos. Todos em luto pela morte de um grande homem. A capela do cemitério lotou. Era facilmente observada a diferença de quantidade de pessoas na capela 4 e nas outras. Muita gente que eu nem conhecia me abraçava chorando a perda.

Porém uma pessoa em particular me chamou a atenção; uma mulher, de parentesco um pouco distante, veio até mim, me abraçou e disse no meu ouvido: "Perdemos nosso herói". Nesse momento eu também não aguentei e chorei como havia tempo que não chorava. A família já não será a mesma.

Pra falar a verdade, minha ficha não caiu totalmente ainda. Dizem que leva algum tempo. Só sei que vou sentir muitas saudades do meu herói, vô Roberto.


Frase do dia:
Dandan das candongas!
Vô Roberto